Esta semana eu estava parado na frente de um restaurante em Sapé, depois de degustar um delicioso prato, quando fui surpreendido por uma cena deveras triste: uma pobre mulher, com uma criancinha deitada no colo, sem nenhuma proteção, ao meio-dia, caminhava nas ruas, as pernas trôpegas, as ações indecisas, o olhar perdido, sem saber para onde ir. Atrás dela, vinham mais duas criancinhas de dois ou três anos, estas acordadas, mas muito aflitas. As quatro almas pareciam estar famintas ou sedentas: a mãe, além da criança no colo, equilibrava uma bolsa preta na cabeça, e olhava tristemente para os lados, como quem diz: "Ei, meu senhor, me ajude!" Aquilo me cortou o coração, porque eu não pude ajudá-la no momento: meu pai arrancou o carro e nós partimos em disparada para o Rio Grande do Norte. Mas eu prometi para mim mesmo que, enquanto não encontrar aquelas pobres criaturas, não sossegarei, de modo que até hoje as procuro. Hoje eu poderia ajudá-las. Pensei logo em meus filhos. Eu jamais permitiria que minha mulher saísse assim, ao meio-dia, com um calor infernal, seja para o que fosse! Mas eu entendo: tratava-se de uma urgência, por certo - a fome não espera! Se os governos do mundo tivessem essa sensibilidade e esse humanismo, duvido que casos dessa natureza ocorressem. Enquanto isso, meu coração procura esta pobre mulher. Por onde andarão a mulher e os filhos que até agora não me saem da mente? Será que eu terei algum dia chance de reencontrá-los? Amargo esta triste lembrança... Até quando, meu Deus? Até quando?...
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