17 peças de Nelson Rodrigues serão encenadas em teatros da Funarte
Festival A Gosto de Nelson será realizado, de 1º a 31 de agosto, em comemoração ao centenário do dramaturgo e terá ingressos a preços populares (R$ 5)
Com a
estreia de duas peças – Vestido de Noiva,
no Teatro Dulcina; e A Mulher Sem Pecado, no Teatro Glauce
Rocha – a Fundação Nacional de Artes abre, no dia 1º agosto, às 19h, no
Rio de Janeiro, o Festival A Gosto de Nelson.
A mostra, que celebra os 100 anos do genial e polêmico Nelson
Rodrigues, vai levar ao público, durante todo o mês de agosto, as 17
peças escritas por ele. A montagem será feita por grupos e companhias,
de diferentes estados brasileiros, selecionados pela Instituição por
meio do Edital Prêmio Funarte Nelson Brasil Rodrigues: 100 Anos do Anjo
Pornográfico. Com ingressos a R$ 5 (inteira), os espetáculos serão
apresentados, sempre às 19h, nos teatros Dulcina e Glauce Rocha, no
Centro.
Além das duas obras já mencionadas, serão encenadas também
Viúva, Porém Honesta; Anti-Nelson
Rodrigues; Álbum de Família; Anjo Negro;
Dorotéia; Senhora dos Afogados; A Falecida;
Perdoa-me Por Me Traíres; Os Sete Gatinhos; Boca de
Ouro; Beijo No Asfalto; Otto Lara Resende ou
Bonitinha, Mas Ordinária; Toda Nudez Será Castigada;
Valsa Nº 6 e A Serpente.
O
presidente da Funarte, Antonio Grassi, que estreou como ator em O Beijo no Asfalto, uma das mais
famosas peças do dramaturgo, se entusiasma com a mostra: “Mergulhar no
universo rodriguiano é prestar um serviço ao cidadão porque Nelson une
dramaturgia, jornalismo e literatura em cada texto. Por isso, no
centenário do autor, a Funarte não poupou esforços para lembrá-lo e
prestar homenagem à sua obra, tanto no Prêmio Funarte Nelson Brasil
Rodrigues quanto na exposição, de mesmo nome, no Teatro Glauce Rocha.
Queremos retratar Nelson em suas características pessoais e
profissionais – um desafio grande”, enfatiza Grassi.
A Gosto de Nelson
Mostra do Prêmio Funarte
Nelson Brasil Rodrigues – 100 anos do Anjo Pornográfico
De 1º a 31 de agosto de 2012 – Rio de Janeiro
Locais:
Teatro Dulcina
Rua Alcindo Guanabara, 17 – Centro - Rio de Janeiro – RJ
Tel.: (21) 2240 4879
Teatro Glauce Rocha: Avenida Rio Branco, 179 – Centro - Rio de Janeiro – RJ
Tel.: (21) 2220 0259
Teatro Dulcina
Rua Alcindo Guanabara, 17 – Centro - Rio de Janeiro – RJ
Tel.: (21) 2240 4879
Teatro Glauce Rocha: Avenida Rio Branco, 179 – Centro - Rio de Janeiro – RJ
Tel.: (21) 2220 0259
Horário: 19h
Ingressos: R$ 5 e Meia-entrada R$ 2,50
Ingressos: R$ 5 e Meia-entrada R$ 2,50
Realização: Fundação Nacional de Artes – Funarte
Programação
Dias 1º e 2 de agosto quarta
e quinta
Vestido de noiva (SP) Os Satyros – Teatro Dulcina
Direção: Rodolfo García Vázquez
A peça conta a história de Alaíde,
atropelada por um automóvel e que, enquanto é operada no hospital,
relembra o conflito com a irmã, Lúcia, de quem tomou o namorado, Pedro.
Em seu delírio, Alaíde imagina seu encontro com Madame Clessi,
cafetina assassinada pelo próprio namorado de dezessete anos.
A mulher sem pecado (MG) Instituto João Aires – Teatro Glauce Rocha
Direção: Kalluh Araújo
A história gira em torno do excessivo ciúme que
Olegário sente pela segunda esposa, Lídia, e como isso atrapalha a vida
do casal. A situação piora, ainda mais, quando Olegário fica paralítico,
e passa a atormentar a esposa com acusações ofensivas. Olegário, então,
contrata pessoas para vigiar Lídia, desde a ida da mulher à modista até
à padaria perto de casa. A obsessão do marido é tanta que até o mendigo
louco, que mora nas ruas, é visto como um amante de Lídia.
Na casa também moram o chofer Umberto; a mãe de Olegário, D. Aninha, tida como insana mas que nenhum mal faz; Maurício, irmão de criação de Lídia; Dona Márcia, mãe de Lídia e a criada Inézia.
Todo o desenrolar da trama acontece em um único ambiente: a sala da casa de Olegário.
Na casa também moram o chofer Umberto; a mãe de Olegário, D. Aninha, tida como insana mas que nenhum mal faz; Maurício, irmão de criação de Lídia; Dona Márcia, mãe de Lídia e a criada Inézia.
Todo o desenrolar da trama acontece em um único ambiente: a sala da casa de Olegário.
Dias 4 e 5 de agosto sábado
e domingo
Viúva, porém honesta (PE) Grupo Magiluth – Teatro Dulcina
Direção: Pedro Vilela
O Dr. J.B. de Albuquerque Guimarães, diretor de um
dos jornais mais influentes do país – A Marreta –
não consegue convencer sua filha única, Ivonete, a deixar de
velar seu marido morto, Dorothy Dalton, e voltar a ter uma vida normal,
para que a jovem de 15 anos se case de novo e lhe dê netos. Estando a
filha irredutível e desejosa de permanecer enviuvada, o Dr. J.B.
contrata uma ex-prostituta, um psicanalista e um otorrinolaringologista
— todos charlatões — para dissuadí-la da ideia e querer se casar
novamente. O falecido era homossexual e ex-fugitivo da Febem, que caiu
nas graças da menina, quando o pai a mandou escolher um marido, na
redação do jornal, para justificar uma gravidez indesejada. Detectada
pelo médico da família, Dr. Lambreta, um velho esclerosado e maluco,
descobriu-se, mais tarde, que a tal gravidez era falsa e inventada pela
mente insana de Lambreta.
Como Dorothy Dalton
morreu atropelado por uma carrocinha de picolé Chicabom e como nenhum
dos contratados achou uma solução para o caso, o jeito foi ressuscitar o
morto para que Ivonete deixasse de ser viúva. O trabalho fica por
conta do Diabo da Fonseca que, através de uma sessão espírita, reaviva o
defunto, livrando a menina da viuvez indesejada. Como prêmio, o
demônio desposa Ivonete.
Anti-Nelson
Rodrigues (SC) Grupo Teatral Experiência Subterrânea – Teatro Glauce RochaDireção: André Carreira
A peça
narra a história de Oswaldinho, filho de Tereza e Gastão, jovem mimado
pela mãe e desprezado pelo pai. Inescrupuloso, ladrão e mulherengo, se
torna dono de uma das fábricas do pai e se apaixona por uma funcionária
recém-contratada, a jovem incorruptível Joice. Acostumado a ter tudo o
que quer, Oswaldinho tenta ‘comprar’ Joice, que anseia por um amor desde
menina e não se deixa levar pelo dinheiro.
Dias 8 e 9 de
agosto quarta e quinta
Álbum de família (RO) Anômade Cia. de Teatro – Teatro Dulcina
Direção: Jória Lima
O texto retrata uma família que, sob a ótica do
locutor — que representa a opinião pública — é perfeitamente normal e
feliz, mas cuja intimidade no lar é caracterizada por uma rede de
paixões incestuosas e outras perversões. Jonas, o patriarca, sente
desejo sexual pela filha caçula, Glória, que o ama no mesmo sentido.
Para satisfazer esse desejo, ele acaba adquirindo o hábito de trazer
garotas de 12 a 16 anos para casa, tirando suas virgindades. Para isso,
conta com a ajuda da cunhada Rute, apaixonada por ele. O primogênito,
Guilherme, também deseja a irmã Glória, chegando ao ponto de se castrar
para evitar consumar tal desejo. Já o segundo filho, Edmundo, é
perdidamente apaixonado pela mãe, D. Senhorinha, paixão que o impede de
ser feliz em seu casamento. D. Senhorinha nutre um amor proibido pelo
terceiro filho, Nonô, um louco que corre nu, urrando e gritando pelos
campos da fazenda, onde vive a família. A história é interrompida,
regularmente para mostrar ocasiões, em diferentes épocas, nas quais
membros da família são fotografados para um álbum. Essas cenas são
acompanhadas pela voz do locutor, que sempre descreve a pureza e a
felicidade daquelas pessoas, contradizendo o que é mostrado ao público
ao longo de toda a peça.
Anjo Negro (GO)
Cia. de Teatro Sala 3 – Teatro Glauce RochaDireção: Altair de Souza
A peça, que esteve sob censura durante dois anos,
à época em que foi lançada, narra a polêmica história de Ismael, negro
que renega a própria cor, e de sua mulher, Virgínia, branca filicida que
não aceita a prole mestiça, gerada na relação com o marido. Tomada pelo
louco desejo de ser mãe de um filho branco, Virgínia comete adultério
com Elias, o irmão de criação, branco e cego, de Ismael. Desse breve
envolvimento, nasce afinal uma criança, branca como a neve, para a
felicidade da mãe. Mas o nascimento é apenas o desencadeador de novas
tragédias.
Dias 11 e 12 de agosto
sábado e domingo
Dorotéia (BA) Centro Cultural Ensaio/Grupo Panacéia Delirante – Teatro Dulcina
Direção: Hebe Alves
Dorotéia,
prostituta que largou a profissão depois da morte do filho, vai morar
na casa de suas primas, três viúvas puritanas e feias, que não conseguem
enxergar os homens e não dormem para não sonhar. Ao contrário das
mulheres da família, Dorotéia é bonita, exuberante e não tem aversão aos
homens. Mas, em troca de abrigo, aceita se tornar tão feia e puritana
como as primas. Dorotéia, que
estreou em 1950, é uma das peças míticas de Nelson Rodrigues. No texto,
os homens estão ausentes, só aparecendo na fala das personagens
femininas.
Senhora dos afogados (SP)
Núcleo Experimental – Teatro Glauce RochaDireção: Zé Henrique de Paula
Nesta obra, Moema, a filha mais velha de
Misael e Dona Eduarda, guarda um amor pelo pai e resolve afogar no mar
suas irmãs mais novas, Clarinha e Dora, para não dividir a atenção do
pai com elas. Na trama, cheia de mistérios, Moema consegue ser a única
mulher na vida do pai. Porém, ele morre e ela fica só.
Dias
15 e 16 de agosto quarta e quinta
A falecida (DF) No Ato Produções – Teatro Dulcina
Direção e orientação: Diego de León
Narra a
trajetória vertiginosa de Zulmira e Tuninho, moradores da Zona Norte do
Rio: Zulmira, vítima de tuberculose, e Tuninho, desempregado, vivendo
dos restos de uma indenização. O casal vê seus cotidianos virarem de
cabeça para baixo, a partir da visita aflita de Zulmira à cartomante. A
vidente diz à moça para ter cuidado com uma mulher loura, afirmação que
vai deflagrar em Zulmira a explicação para o mistério de todo os seus
males.
Perdoa-me por me traíres
(CE) Engenharia Cênica – Teatro Glauce RochaDireção/iluminação: Luiz Renato
Glorinha tem
16 anos e perdeu a mãe, assassinada por seu tio Raul. Objeto de desejo
do assassino, ela é vigiada por ele, sob o pretexto de preservar sua
castidade. Mas, conduzida por uma colega de escola que é prostituta,
Glorinha acaba conhecendo e se fascinando pelo mundo dos bordéis, ao
mesmo tempo em que prepara uma terrível vingança contra o tio. Raul,
personagem da criação rodriguiana, foi vivido pelo próprio Nelson
Rodrigues durante a temporada de estreia da peça, em 1957.
Dias
18 e 19 de agosto sábado e domingo
Os sete gatinhos (SP) Cristina Yoshie Sato – Teatro Dulcina
Direção: Nelson Baskerville
A peça conta a história da família Noronha e,
em especial, de Silene, caçula das cinco filhas de Aracy e Seu Noronha.
O patriarca, um contínuo da Câmara dos Deputados, mora no Grajaú com a
mulher, Aracy, e suas filhas Aurora, Hilda, Débora, Arlete e Silene,
esta com apenas 16 anos. A caçula, a mais mimada e, por ser a única
‘pura’, tem o direito a uma boa educação em um colégio interno. Mas,
logo a vida deles toma um rumo diferente, quando a garota é acusada, no
colégio, de matar a pauladas uma gata grávida.
A família Noronha parece tão normal quanto qualquer outra,
mas, por trás das aparências, esconde segredos inconfessáveis. As
quatro filhas mais velhas se prostituem para garantir a castidade e a
boa educação de Silene. A partir do incidente ocorrido na escola,
descobre-se que a jovem não é pura como todos pensam.
Boca de Ouro (SP) Grupo Prole – Teatro Glauce RochaDireção: Flavia Pucci
Boca de Ouro
foi parido num reservado de gafieira e seu primeiro berço foi uma pia
de banheiro, onde a mãe o deixou, sob a torneira aberta, num batismo
cruel e pagão. O menino cresce e se torna bicheiro temido e respeitado —
uma figura quase mitológica na comunidade onde vive. Boca mandou
arrancar todos os seus dentes e implantou dentes de ouro. Ele acreditava
que seria enterrado em um caixão todo de ouro. Diziam que ficava com as
mulheres de homens casados e derretia suas alianças para fazer o
caixão. Poderoso e carismático, mantinha o autocontrole desde que não
falassem de sua mãe e de como nasceu.
O personagem é descrito através de três relatos diferentes, depois de
sua morte. Fascinado com a história do contraventor, o jornalista
Caveirinha procura uma ex-amante do criminoso, Guigui, a fim de colher
material para uma reportagem. No primeiro momento, sem saber que Boca de
Ouro está morto, ela o pinta como um homem cruel e insensível, capaz de
matar um pobre diabo, Leleco, para ter a sua fiel mulher Celeste. Ao
saber da morte do ex-amante, Guigui chora e passa a elogiá-lo, contando a
mesma história, desta vez, revelando uma Celeste nada fiel e um Leleco
não tão inofensivo. A forma elogiosa como passa a tratar Boca de Ouro
irrita o marido, que faz as malas e decide deixar a casa. Com a
interferência do repórter Caveirinha, que se sente responsável pela
separação, os dois se reconciliam. Guigui conta, então, a terceira
versão da história de Boca de Ouro, na qual destaca não só o seu poder e
crueldade, mas também suas inseguranças.
Dias 22 e 23 de agosto
quarta e quinta
Beijo no asfalto (PE) Phaelante, Goes & Mourão – Teatro Dulcina
Direção: Claudio Lira
A obra versa a
respeito de um embaraçoso ato de misericórdia — um beijo na boca dado
por um homem a um desconhecido no momento de sua morte — e suas
repercussões na sociedade. Um repórter sensacionalista e um delegado
corrupto fazem do ato um escândalo social, abalando a reputação de
Arandir, que atendeu o pedido do moribundo, e de sua família. A
exacerbação dos sentimentos conduz a um trágico e surpreendente
desfecho.
Bonitinha, mas ordinária (RJ)
Centro de Investigação Teatral – Teatro
Glauce RochaDireção: Eduardo Wotzik
Edgard é um
rapaz de Minas Gerais, de origem bastante humilde, fato que o
constrange. Procurado por Peixoto, genro do milionário Werneck, dono da
firma onde Edgard é contínuo, ele recebe a proposta de se casar com
Maria Cecília, filha de Werneck, de 17 anos, que fora currada por cinco
negros. Pelo dinheiro, Edgard aceita, mas tem dúvidas por gostar de
Ritinha, sua vizinha. Já com o casamento acertado, Edgard e Ritinha vão
despedir-se num cemitério, onde ela conta o que faz para conseguir
sustentar a mãe louca e as três irmãs. Toda a trama gira em torno das
hesitações de Edgard, até sua escolha final.
Dias
25 e 26 de agosto sábado e domingo
Toda nudez será castigada (RJ) Armazém Companhia de Teatro – Teatro Dulcina
Direção: Paulo de Moraes
Herculano, de família conservadora, povoada de
tias faladeiras e beatas, fica viúvo e com um filho, Serginho, que pede
ao pai para jurar nunca mais casar-se. Herculano faz o juramento.
Patrício, irmão de Herculano, endividado com mulheres e jogo, apresenta
ao irmão uma prostituta, por quem o protagonista fica perdidamente
apaixonado. Ela é Geni, mulher que vive a agonia e o êxtase de uma
obsessão: morrer de câncer no seio. Contra tudo e contra todos,
Herculano casa-se com Geni e a leva para viver no casarão da família.
Lá, ela conhece Serginho, por quem se apaixona. O jovem pretende acabar
com o casamento do pai a qualquer custo e, apesar de suas tendências
homossexuais, mantém um relacionamento com a madrasta.
Valsa Nº6 (PR) Expressão Criação e Produção
– Teatro Glauce RochaDireção: Eduardo Bitencourt
O monólogo tem como personagem a solitária
Sônia. Assassinada aos quinze anos de idade, a moça luta para, entre um
delírio e outro, conseguir montar o quebra-cabeça de suas memórias.
Dias
30 e 31 de agosto quinta e sexta
A serpente (RJ) Teatro do Pequeno Gesto – Teatro Dulcina
Direção: Antonio Guedes
Duas
irmãs, Guida e Lígia, se casam no mesmo dia e decidem morar na mesma
casa. Enquanto Guida vive feliz e satisfeita com seu marido, Lígia vive a
decepção de um casamento, no qual nem a primeira relação sexual é
consumada. Os problemas começam quando Guida ‘tenta’ sua irmã,
oferecendo seu marido por uma noite, procurando solucionar a angústia de
Lígia.