O INTERIORANO: Que sentimento você teve quando soube da não participação de seu grupo de artistas sapeenses neste espetáculo, que já entrou para o calendário cultural da cidade?
JOSINALDO: O sentimento foi de grande decepção, porque como já disse, confiávamos nele. No projeto dos artistas de Sapé, de 60 páginas, que escrevemos e entregamos a Manuel Ferreira ainda em meados de fevereiro, para que ele mostrasse ao prefeito, já que no dia que o prefeito mandou marcar na prefeitura, ele mesmo não estava, então quem me recebeu foi o assessor, no nosso projeto precisamente 97 pessoas da cidade seriam beneficiadas, já que todas receberiam por seus serviços, e o prefeito cansou de saber disso. Se ele sabia e não quis beneficiar os artistas de Sapé, já mostra quem é. O que alegou era que o nosso projeto estava mais caro do que a proposta do pessoal de João Pessoa. E ainda disse, no dia 6 de março, numa sexta, na prefeitura, quando eu e um componente da produção falamos com ele: "O único problema agora é o orçamento. Reduza o quanto puder e me entregue até domingo, a mim ou a Josas". Registre-se aqui que ele deve ter gostado do projeto, já que disse que o único problema era o orçamento. Então o que foi que aconteceu? Ele só pode ter ido na cabeça de seus bajuladores, como Josas, que sempre esteve contra o povo de Sapé, ou contra o nosso grupo, porque não admite que alguém saiba mais do que ele, ou seja, em outras palavras, deve ter inveja da capacidade criativa do nosso grupo artístico, porque em sua época nenhum projeto dessa qualidade teve capacidade de mostrar aos artistas de Sapé. Então o que fizemos? Barateamos, cortamos gastos, e no sábado, dia 7 de março, pela manhã, entregamos ao prefeito a proposta reduzida: de 33 mil para 27. Então ele pediu o meu número e disse que ligaria para informar sobre alguma coisa. Como não ligou até o dia 17 de março, decidimos ir à prefeitura saber de alguma coisa. E no final das contas, o projeto caiu ainda mais: na terça, dia 17 de março, como não pudemos falar com ele com calma , já que ele saiu apressado ainda pela manhã da prefeitura, entregamos outra proposta reduzida: de 27 mil para 13. Então lhe perguntei: "Existe algum projeto mais barato que 27 mil?" E ele disse: "Existe". Então, lhe entregamos o nosso de 13. Nesta mesma terça, também entregamos a ele a xerox da lista de assinaturas dos 100 inscritos no nosso projeto. Quando ele viu a lista, perguntou: "O que isto? Um abaixo-assinado?" E eu lhe tranquilizei: "Não, prefeito, é a lista dos artistas interessados em participar do espetáculo este ano." Ufa! Deve ter sido um alívio, já que ele pensava que poderia se tratar de uma lista de pessoas contra ele! Agora sim, poderia fazer um abaixo-assinado: contra esse ato dele que desfavorece os artistas de Sapé, valorizando os de fora! Resumindo: de 33 mil, desceu a 27, caiu ainda mais para 13 e, por fim, 10. E mesmo assim, no dia 18 de março, à tarde na prefeitura, ele disse que o de João Pessoa também era de 10 mil, fora palcos, som, luz e cenários. Ora, o nosso de 10 mil já continha tudo, porque queríamos apresentar: chegamos a pensar na hipótese de, se não houvesse condições de apresentar em praça pública, porque a estrutura de palcos era cara, poderíamos fazê-lo no Clube Atlético. E foi essa a última proposta que apresentamos ao prefeito, já que ele falava tanto em contenção de gastos! Ora, meus leitores, já que ele disse que daria por fora palcos, sonorização, iluminação e cenários, o nosso projeto caiu ao ínfimo valor de R$ 8.600,00 que seria para o pagamento aos 80 atores e aos 17 da produção, totalizando 97 pessoas de Sapé beneficiadas. E com esse valor, o espetáculo seria apresentado em praça pública, como ele queria. Mas o prefeito preferiu pagar aos de João Pessoa, como se nós, os sapeenses, não tivéssemos capacidade de realizar um belíssimo espetáculo. Foi isso o que ficou claro: ele não confiou na nossa capacidade técnico-artística de realizarmos este espetáculo, como se não tivéssemos experiência na área. Ora! Somos das Artes Cênicas desde 1998, quando eu e muitos dos que estão comigo fizemos o Curso de Teatro. O fato é que confiávamos nele, mas ele não confiou em nós. É bom para conhecermos quem são as pessoas. "Quer conhecer uma pessoa, dê poder a ela" já diz um ditado popular. Agora nós o conhecemos. A menos que ele prove o contrário, através das próximas ações, ele governará até 2012, se não continuar errando tanto contra o seu povo...