ARTISTAS E POVO BRASILEIRO LAMENTAM A MORTE DO HUMORISTA
Jô Soares e Agildo Ribeiro,
entre outros, lamentaram a morte de Chico Anysio, em depoimentos
exibidos na Globo News. O humorista morreu às 14h52 desta sexta-feira
(23), aos 80 anos. As informações são do G1.
Agildo Ribeiro, humorista – "O mais
importante é que estamos em luto nacional. O Brasil está mais triste,
sem perspectivas de risos e alegrias. Ele foi um herói nacional, um
combatente. Ele trazia alegria para esse povo. Ele era uma figura
tradicional. Estou com meu coração dilacerado de tanto que amava esse
homem. Estou de luto, fisicamente, espiritualmente e artisticamente.
Ele não vai morrer assim, ele não morre assim, não."
David Pinheiro, humorista – "A 'Escolinha do
Professor Raimundo' foi mais que um trabalho, foi um aprendizado,
principalmente pelo ponto de vista técnico. Não que ele ficasse nos
ensinando, mas o cotidiano, os pequenos detalhes que ele mostrava. Ele
foi importantíssimo. Ele foi responsável por uma nova geração de
humoristas e cuidou dos velhos humoristas. Nós aprendemos bastante. Ele
era um homem raro. O ser humano que ele foi, o artista que ele foi, o
modo como ele viveu, enfim. Ele dizia que o improviso é o caminho mais
curto para o erro. Na conversa com ele o personagem mudava. Tenho
muitas histórias dele. Eu e muito outros. Chico Anysio foi um homem
importante para a história do Brasil."
Jô Soares, apresentador – "O Brasil inteiro
estava pendurado nessa agonia do Chico. Isso me lembrou a agonia que o
país passou com a morte do Tancredo Neves. Foi uma agonia terrível. Ele
não merecia isso. Espero que ele não tenha sofrido, que tenha passado
bem. O Chico Anysio é um dos melhores atores característicos do mundo.
Eu dirigi um espetáculo do Chico que, na verdade, eu é que aprendi
demais. O óbvio é que essa morte deixa o Brasil inteiro entristecido."
Ziraldo, cartunista – "Foi uma grande perda.
Conheci o Chico há 50 anos. Ele é um dos dois fenômenos inrepetíveis.
Nunca mais teremos Pelé e nem Chico Anysio. Ninguém conseguiu fazer a
quantidae de personagens que ele fez. A mão dele ficava velha de acordo
com o personagem. Tive a oportunidade de conviver um pouco com ele.
Ele não vai embora agora, não é possível. O Chico, comigo, era
sempre muito generoso. O dinheiro que ele ganhou, ele distribuiu. Ele
era fantástico. A televisão não perpetua ninguém. Espero que as pessoas
possam encontrar nas livrarias o livro que os cartunistas fizeram
desenhando os personagens dele."
Lúcio Mauro FIlho, ator – "O Chico está
canonizado desde já. Ele sobe como um dos grandes santos do humor
brasileiro. Ele já estava fazendo falta para a gente por diversos
posicionamentos. Ele era um homem de posicionamento forte. Ele ter
ficado fora da televisão fez muito mal para ele. A gente é muito miúdo
para poder explicar. Na minha vida, ele foi muito importante. No
Projac, uma vez, ele me encontrou e perguntou se está tudo bem. ‘Você
está bem mesmo, porque você está procurando ponta em novela,
concorrendo com gente muito menos talentosa com você, abre o olho’.
Depois dessa bronca eu fui direto para o Zorra Total e tudo aconteceu
na minha carreira. Ele foi um norte para todos nós humoristas. Um cara
tão brilhante e genial ficar sofrendo como estava era muito triste.
Quando Rogério Cardoso foi embora, eu fiquei estraçalhado. Com o Chico é
a mesma coisa. A comédia brasileira perdeu não só o maior gênio, mas o seu
maior defensor. Ele sempre lutou pela qualidade do humor brasileiro. Que
as novas gerações estejam assistindo e vendo um pouco do talento dele.
Estou com o Ziraldo, a gente não pode esquecer o Chico, esse grande
talento."
Paulo Silvino, comediante – "Infelizmente
perdemos o maior ator e comediante do mundo. Nunca na história da
comédia mundial há alguém que tenha feito o que o Chico Anysio fez. A
quantidade de línguas que escreveu, de quadros que pintou. Ele era uma
fonte de arte e inspiração. Ele foi uma fonte de inspiração de alegria.
Ele fez trabalhos sérios também, era completo. Ele se tornou o maior
comediante, o maior ator do mundo de todas as épocas. Ele era meu amigo,
ele foi extraordinário. Chico era um paizão. Na Escolinha, ele abrigou
muitos atores, principalmente alguns que estavam quase esquecidos. Ele
foi um pai extraordinário. Ele casou várias, teve uma prole grande.
Todos os filhos dele conviveram muito comigo e com meus filhos."
José de Abreu, ator – "Vários aspectos do
Chico devem ser lembrados. Uma vez ele disse que parecia a rua do
Catete, porque vivia cheio de pensão. Ele era impressionante. Saía de
um personagem e começava imediatamente o outro. Parecia mágica. Ele
fazia numa tarde o programa quase inteiro. Em dois dias, ele fazia 30
personagens. Ele era sempre o mesmo. Ele se auto dirigia, ele dirigia
todo mundo. Ele era uma loucura. Ele tinha três cabeças: a do ator, a do
diretor e a do personagem."
Renato Aragão, humorista - "O Brasil todo
está triste. Quando cheguei ao Rio, ele já era famoso. Chico me ajudou
muito. Ele que me alertou muito. Ele foi referência para todos os
humoristas. Não vai ter outro Chico Anysio, não. Ele fazia sátira do
Brasil todo. Ele foi muito amigo. Chico Anysio ajudava todo mundo. O
coração dele não cabia dentro do peito. Para a gente falar sobre quem
era Chico Anysio será preciso fazer uma mesa redonda para cada um falar
o que ele era.
Regina Casé, apresentadora – "Conheci o Chico
quando ele trabalhava com meu pai, desde pequena eu via o trabalho
dele. Ele conseguiu conferir uma dignidade ao povo nordestino. Foi uma
escola, uma faculdade trabalhar com ele. Acho que ele conseguiu
transcender na esfera do humorismo, ele escrevia, pintava e
interpretava."
Boni, diretor de TV - "Ele fez um humor sem
obscenidade, sem ofensa. Ele foi um amigo e irmão por mais de meio
século. Todos os personagens do Chico Anysio tinham alma. Não eram
aqueles que chamamos no jargão de televisão de caricaturas. Eles tinham o
rosto diferente, a voz diferente e a alma diferente. Eles eram
personagens reais e de carne e osso. Era um humor humano e cheio de
crítica social e política. O Chico levou um pouco do humor radiofônico
para a televisão. Ele foi o pioneiro na montagem do videotape."
Heloísa Perissé, atriz e comediante – "Tinha
uma relação muito especial com ele. Foi uma pessoa que sempre me deu
muita força. Ele sempre teve uma preocupação com o trabalho. Foi uma
pessoa que sempre será uma referência. Os personagens eram vivos, ele
era vivo em tudo que ele fazia. Chico foi uma pessoa que todo mundo
cresceu vendo. Sempre teve um humor forte. Ele era naturalmente
engraçado. Ele falava o que pensava. Muitas vezes ele foi mal
interpretado por isso. Ele era o Chico sempre, ele não tinha máscara."